Campeão de Inverno I. Tó Oliveirinha: «Construi o meu plantel a pensar no equilibrio»

Foi fazer formação a Camp Nou em Barcelona, realizou um estágio de pré-época no Algarve, arriscou em todas as frentes e em todos os jogos. O resultado de tudo isto valeu-lhe para já alguns prémios, a liderança absoluta na classificação geral da Liga Record Nespereirense e o título de Campeão de Inverno. Os Oliveirinhas estão em alta e, embora com uma jornada passada depois de ter conquistado este titulo a sua liderança surja mais ameaçada que nunca (como o próprio refere), foi num clima de festa que fomos recebidos na sede desta Equipa de Élite pela personalidade "recordiananespereirense" do momento.

Após as boas-vindas, seguiu-se um cálice de Porto colheita de lavrador e a conversa, que apresentaremos em dois posts consecutivos, fluiu naturalmente.

Pergunta | Antes de mais, muitos parabéns pela vitória na 1.ª volta desta nossa Liga. É uma honra para nós entrevistar o treinador mais eficaz desta 1.ª volta da Liga Record. Quem é o Tó Oliveirinha?
Resposta | É um tipo porreiro, que nasceu sem jeito p’ra bola, mas doido por futebol.
A jogar nunca singrou, embora ultimamente até marque uns golos de belo efeito, e faça umas “coxinhas” ao mister CArlosMACHO, por isso apostou na carreira (minibus) de treinador.
É uma figura à imagem da pessoa (eu) que lhe dá vida, frontal, sem “papas na língua”, sempre pronto a enaltecer o melhor, mas sem se coibir de apontar o pior.

P | 509 pontos, liderança em 10 jornadas consecutivas das 12 jornadas da primeira volta, um prémio semanal, um prémio «Manager of the Month». Como se consegue?
R | Consegue-se sem grandes picos, mas sem grandes quedas. Com equilíbrio.
Nunca tive pontuações muito exageradas, mas salvo uma jornada negra para todos, também nunca tive baixíssimas. Construí o plantel, a pensar um pouco nisso.

P | O que fez a diferença na tua equipa em relação a toda a concorrência?
R | Não sei se existem muitas diferenças, até porque nesta data da entrevista, já só tenho um ponto de vantagem, sobre o segundo.
No entanto a diferença talvez esteja no calcular o risco quando entendo que o devo fazer, compensando isso com um assumir de risco total, noutras alturas.

P | Conhecemos a tua equipa, pois é uma das Equipas de Elite desta Liga. Tens no plantel o jogador mais pontuado do jogo, o Lisandro Lopez. Foi apenas mais uma escolha ou sabias que ele ia ser a tua maior fonte de pontos?
R | Foi uma escolha pensada ao olhar para o plantel do Porto, onde não vi na pré-época e primeiros jogos da época, avançados capazes de fazer muitos golos. Ora, a ser assim, o mais móvel e adaptável, candidato a jogar sempre, era o Lisandro, que ainda por cima estando como médio, valeria mais em cada golo marcado. Previ que no final do campeonato, ele tivesse uma média de 5 pontos por jornada. Não sei se vai acontecer assim ou não, mas foi o que pensei. Aliás, pensei o mesmo em relação ao Zé Pedro, que não tem dado o mesmo resultado, porque o Belenenses joga um futebol de serviços mínimos.

A conversa sobre a equipa foi continuando. No entanto, como bom anfitrião que é, o mister Tó Oliveirinha foi ao bufete do clube e trouxe de lá uns camarõzinhos e uns mexilhões que nos serviram de aperitivo. Não se esqueceu obviamente de umas cervejinhas para acompanhar (e caipirinha para ele).

P | De todas as opções que tomaste qual foi aquela que consideras ter sido uma jogada de génio, aquela que te encheu de orgulho e levou o ego a transbordar de tanta sabedoria?
R | A opção que mais gozo me deu, divide-se em duas jornadas, creio que consecutivas…
Quando o Porto foi jogar à Luz, apostei tudo nos jogadores disponíveis do Porto. Só a traição do Ruben Amorim com auto-golo e a expulsão do Makukula, me retiraram a vitória na jornada.
Depois, no Belenenses – Benfica, em que apostei tudo no Belenenses, com 5 jogadores no onze, na mesma semana em que o Porto venceu em Guimarães, e onde ao contrário de outros, não tive receio de colocar o Helton, foi a primeira vitória semanal.

P | E o contrário? Qual a opção pior que tiveste, tão má, tão estúpida, que em condições normais levaria à chicotada psicológica na equipa Os Oliveirinhas?
R | Não digo que levasse ao despedimento, até porque foi imprevisível, mas a que mais me custou, foi depois de uma vitória do Marítimo fora, ter apostado em três jogadores maritimistas, e eles perderem em casa, ainda por cima 2 ou 3 a 1, quando um era defesa.

P | Que estratégia usas para preparar a equipa para cada jornada?
R | A estratégia, é aproveitar quando a Internet está rápida, para não falhar.
Quanto a olheiros nos treinos, dispensei-os, pois andavam a passar informações aos adversários.
Vejo apenas quais as equipas de que tenho jogadores, que jogos vão ter, em casa ou fora, a probabilidade de resultado (que muitas vezes sai ao lado), e vejo quais são os impedidos.
Regra geral nunca aposto nos que estão em dúvida, e quando aposto não dá bom resultado.

P | A quem dedicas esta vitória na Liga?
R | O Tó Oliveirinha dedica a vitória a todos aqueles que por categoria enquanto treinadores, ou falta dela, vão dando luta, uns na tabela, outros no blog…
O Cláudio Oliveira, dedica à Catarina, que tem tido a boa vontade de não usar o rolo da massa, e tem tido alguma paciência para aguentar as “secas”.
Mas dedica também, enquanto desportista, à sua referência no futebol, pela polivalência, espírito de entrega e amor sempre demonstrados ao nosso Nespereira F.C., o saudoso Isidro Semblano.

Finda esta parte, surpresa das surpresas, o mister campeão de Inverno convidou-me a abandonar o seu gabinete e fomos para a sala de jantar do clube onde já nos aguardavam as travessas em cima da mesa. Aceitei o convite para o repasto, mas só depois da promessa dele que falaria das maiores polémicas da Liga Record Nespereirense, sem se abaster de mandar umas "picadas" fortes aos seus adversários.

Continuem a ler, para saber tudo (e também o que seriam aquelas travessas que estavam em cima da mesa).